A incerteza é uma regra na agricultura.
E diferente dos demais setores que compõem a economia, a agricultura configura-se como uma atividade de risco porque depende mais de fatores externos e impossíveis de serem controlados.
A palavra risco, em outros contextos, está ligada com o termo incerteza, pois afeta o bem estar dos indivíduos, trazendo a ideia de adversidade e/ou perdas.
Na agricultura, são considerados riscos as variações inesperadas na produtividade e na renda, causadas por fatores climáticos, biológicos, de mercado, financeiros, associados à saúde do produtor rural e outros.
Da mesma forma que plantas e organismos não possuem um comportamento padrão, o clima não se repete da mesma forma de um ano agrícola para outro.
Produtividade e preços também variam e os prejuízos não demoram a aparecer.
Independente dos episódios na qual as plantações foram submetidas, a carga final precisa ser entregue e o produtor precisa receber pelo o que produziu, por vezes sua única fonte de renda.
Estes são apenas alguns dos motivos que fazem com que gestão de riscos e produção agrícola andem sempre lado-a-lado.
Em resumo, ‘‘a gestão de riscos preocupa-se com a análise e a seleção de alternativas para reduzir os efeitos que podem ser ocasionados pelos tipos de riscos existentes’’.
Sendo assim, é preciso inicialmente entender quais os riscos que a agricultura está propensa a sofrer.
Quanto maior uma produção, mais gastos exigirá. Sendo assim estará mais propensa a ocorrência de novos e mais severos riscos. Confira abaixo quais são eles.
♦️ Riscos de produção: são aqueles que afetam diretamente a produção e produtividade agrícola. São divididos em tecnológicos, quando se tem dificuldade de acesso à tecnologia; climáticos, fruto das ações naturais do tempo, como chuva, estiagem e granizo; e biológicos, caracterizados pela ocorrência de pragas na planta.
♦️ Riscos de mercado: entendidos como as variações que o preço dos produtos sofrem. Mudanças na demanda pela mercadoria e alterações diversas no mercado também fazem parte dessa cadeia de riscos.
♦️ Riscos financeiros: associado às finanças da propriedade, seus lucros e despesas. Podem ser fruto de dívidas acumuladas, juros altos ou falta de prospecção de ganhos.
♦️ Riscos pessoais: incidem de modo direto na pessoa do produtor e podem ser de saúde, quando causados por doenças ou acidentes ou de relacionamento, levando em conta questões do convívio social e familiar do agricultor, que de certa forma atuam sobre sua forma de trabalho.
♦️ Riscos de conhecimento: a falta de conhecimento da pessoa que está à frente do negócio é um empecilho para a produção e um prato cheio para a ocorrência de riscos. Não conhecer a atividade que se desempenha ou não procurar por maneiras mais eficiente de executá-la, com o bom uso das tecnologias disponíveis, aumenta consideravelmente os riscos do empreendimento.
Pesquisas realizadas no Brasil mostram que, anualmente, 11 bilhões de reais são perdidos devido a eventos externos na agricultura. Isso é igual a 1% do PIB agrícola.
Uma boa gestão de riscos nada mais é do que adotar práticas cotidianas na lavoura que tenham como objetivo minimizar as perdas que serão ocasionadas pelos fatores incontroláveis que o agricultor sempre estará pré-disposto a enfrentar.
Antecipar-se a estes eventos, mensurando sua frequência e impacto, contribui para maiores ganhos e dão segurança ao agricultor para estabelecer prioridades e soluções.
Para isso, algumas das principais atitudes a serem tomadas são:
♦️ Produzir mais com menos: um dos maiores desafios para o homem do campo da atualidade. No momento em que aumenta-se a produtividade, sem alargar a amplitude da produção, abre-se mão de que mais hectares sofram riscos de diferentes intensidades sem que o faturamento seja alterado.
♦️ Fiscalizar a qualidade dos produtos recebidos assegura que estes tenham um bom desempenho quando submetidos a eventos que fogem do controle do produtor.
♦️ Diversificar as explorações para a diminuição de riscos agrícolas também é uma opção viável. Época de plantio, cultivares com ciclos diferentes, rotação de culturas e integração com pecuária e floresta são alguns exemplos que podem ser diversificados conforme os dados disponibilizados de riscos na região.
♦️ Preservar recursos naturais não renováveis, mas indispensáveis para o andamento da agricultura, como água, solo e vegetação. No momento em que recursos naturais são mais aproveitados e menos extraídos, o ambiente responde com menos força e, consequentemente, com menos alterações bruscas que afetam as lavouras.
♦️ Planejar financeiramente os gastos totais com produção, levando em conta a ocorrência de riscos das mais diferentes origens e forças. O planejamento com gastos auxilia na tomada de decisões e não permite que lavoura e produtor fiquem desamparados financeiramente, caso venham a enfrentar problemas que não foram previstos.
♦️ Organizar um sistema de informação que auxilie na tomada de decisões. Com dados e levantamentos históricos em mãos é possível fazer uma análise regional ou de maior abrangência, sabendo quais foram os últimos riscos enfrentados e se preparar para isto.
♦️ Conhecer e apoiar-se em políticas públicas e programas de prevenção de riscos. Tanto o Rio Grande do Sul como o Brasil já usufruem de estudos e tecnologias que apoiam o produtor rural no que diz respeito a Gestão de Riscos na Agricultura. São ferramentas que estão disponíveis e que trazem dados precisos e concretos. Além do mais, o diagnóstico de profissionais da área favorece a prevenção de riscos na agricultura.
♦️ Seguro agrícola. Diante de tantos riscos que a agricultura está exposta, o investimento com seguro agrícola é uma alternativa de extrema importância.
Nós falaremos sobre seguro agrícola no nosso próximo texto aqui no blog. Fique de olho!
E você, toma mais alguma atitude para tentar diminuir os riscos na sua lavoura?
Fontes: Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira (Embrapa), Gestão de riscos na agricultura (Emater).